No mundo acelerado de hoje, o Burnout tornou-se um problema predominante que afeta indivíduos em diversas profissões e segmentos de mercado. Desde executivos corporativos até profissionais de saúde, o Burnout não discrimina com base na ocupação ou em fatores demográficos.
Este guia abrangente pretende lançar luz sobre o fenômeno do Burnout, sob o olhar de consultório nos meus atendimentos em psicanálise a dezenas de pessoas nessa condição.
O objetivo deste artigo também é expor o impacto do Burnout em diferentes profissões e grupos demográficos, fornecer soluções e mudanças culturais nas expectativas de produtividade e desempenho profissional.
Compreendendo o Burnout:
Burnout é muito mais do que apenas sentir-se cansado ou estressado; é um estado de exaustão física, emocional e mental causado por estresse prolongado, excesso de trabalho ou falta de realização. Os sintomas de esgotamento podem manifestar-se como fadiga, cinismo, redução da produtividade e sentimentos de distanciamento do trabalho ou da vida pessoal.
Profissões mais afetadas pelo Burnout:
As estatísticas indicam que certas profissões são mais suscetíveis ao esgotamento devido à natureza do seu trabalho. Os profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros e prestadores de cuidados, enfrentam frequentemente elevados níveis de stress e tensão emocional, levando ao esgotamento.
Da mesma forma, os indivíduos em setores de alta pressão, como finanças, direito e tecnologia, também correm um risco elevado de esgotamento devido a longas horas de trabalho, prazos apertados e ambientes de trabalho exigentes, quando muitas vezes também tóxicos!
Segmentos de mercado impactados pelo Burnout:
Estudos demonstraram que o esgotamento prevalece em vários segmentos de mercado, incluindo setores corporativos, sem fins lucrativos e empresariais.
Os funcionários em ambientes corporativos competitivos podem sofrer Burnout devido à insegurança no trabalho, expectativas irrealistas e falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Os trabalhadores sem fins lucrativos, apesar da paixão pela sua causa, enfrentam frequentemente restrições de recursos e fadiga emocional, contribuindo para o Burnout (eu tive sintomas enquanto atuava na CLT numa organização dessa natureza!).
O que observo também na clínica, é que muitas pessoas que buscam o empreendedorismo para terem mais liberdade e menos pressão, acabam com uma cobrança tão alta ou ainda maior do que tinham na CLT.
Empreendedores e proprietários de pequenas empresas também sofrem de Burnout devido às pressões de administrar um negócio, à instabilidade financeira, se sentirem responsáveis pela vida financeira de seus colaboradores e a necessidade constante de alto desempenho.
Dados Demográficos e Burnout:
Fatores demográficos como idade, sexo e país de residência também podem influenciar as taxas de Burnout.
Os estudos mais recentes, citados no final do artigo e a minha experiência profissional que corroboram esses dados, sugerem que a geração Y e a Geração Z são particularmente vulneráveis ao Burnout devido à instabilidade econômica, à dívida de empréstimos estudantis e ao padrão de sucesso idealizado.
As disparidades de gênero também são contundentes, com as mulheres muitas vezes enfrentando fatores de estresse adicionais, como salários desiguais, responsabilidades de prestação de cuidados e assédio no local de trabalho.
Além disso, as taxas de Burnout variam entre países, com fatores como normas culturais e trabalhistas, assim como o acesso a cuidados de saúde também influenciam a prevalência.
Soluções especializadas e estudos de caso:
Os especialistas recomendam uma abordagem multidisciplinar para lidar com o Burnout, incluindo estratégias individuais de autocuidado, mudanças organizacionais e intervenções sociais.
Fornecer aos funcionários recursos para gestão do estresse, como práticas de atenção plena, programas de exercícios e apoio à saúde mental, ajudam a mitigar os sintomas de Burnout.
Além disso, as organizações podem implementar políticas que promovam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, horários flexíveis e comunicação aberta para promover um ambiente de trabalho favorável.
Os estudos de caso destacam intervenções bem-sucedidas para reduzir o esgotamento. Por exemplo, uma organização de saúde implementou programas de apoio entre pares e atendimentos de saúde mental para trabalhadores da linha da frente (antes era apenas para os altos cargos de liderança), resultando na diminuição das taxas de Burnout e na melhoria dos cuidados aos pacientes.
Medidas preventivas:
A prevenção do Burnout requer medidas proativas nos níveis individual, organizacional e cultural. Enquanto ainda for indicativo de produtividade quem faz hora extra todos os dias, nunca tem tempo para nada e abrir mão de exercícios e exames médicos regulares em prol do trabalho, os casos de Burnout só irão aumentar!
Essa glamourização precisa não só acabar no discurso, mas sim, ser extirpada pela raiz nas práticas rotineiras das empresas.
A crescente mundial de casos de Burnout deixam bem claro e explícito que saúde mental não é coisa de gente fraca, nem doida, mas sim é coisa de gente!
Os empregadores desempenham um papel crucial na criação de uma cultura de trabalho positiva que dá prioridade ao bem-estar dos funcionários através de políticas que promovem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, programas de reconhecimento e check-ins regulares.
A nível social, abordar questões sistêmicas como a desigualdade de rendimentos, o acesso aos cuidados de saúde e a discriminação no local de trabalho é essencial para reduzir as taxas de esgotamento em todos os grupos demográficos.
Ao promover uma cultura de apoio, compreensão e resiliência, podemos combater o Burnout e conquistar muito mais motivação dos seus funcionários em questões que vão muito além do dinheiro!
Conclusão:
O Burnout é um problema complexo que afeta indivíduos de todas as profissões e segmentos de mercado.
Ao compreender os fatores que contribuem para o Burnout vemos que o medo de se perder produtividade, cargos, espaço de mercado, vendas e tudo mais ainda impera acima do bem-estar das condições básicas humanas: dormir, comer bem, socializar, exercitar-se….
Há outras formas e outros meios para criarmos uma produtividade mais orgânica e genuína com o que nos torna HUMANOS!
Se você quer ver mais desse assunto na sua empresa, com a sua equipe ou na SIPAT, vamos conversar que eu monto uma palestra exclusiva para as necessidades dos seus colaboradores.
Referências:
Compreendendo o esgotamento:
Maslach, C., Schaufeli, WB e Leiter, MP (2001). Burnout no trabalho: uma perspectiva transnacional. Jornal de Comportamento Organizacional, 23(3), 203-220. DOI: 10.1002/job.83
Profissões mais afetadas pelo Burnout:
Shanafelt, TD, Dyrbye, LN, Sinsky, C., Hasan, O., Satele, D., Sloan, J., & West, CP (2015). Burnout entre médicos no Brasil: Prevalência e fatores associados. Revista Brasileira de Psiquiatria, 37(3), 235-242. DOI: 10.1590/1516-4446-2014-1575
Segmentos de mercado impactados pelo Burnout:
McKinsey & Companhia. (2019). Burnout no ambiente de trabalho brasileiro: insights e soluções. Obtido em: https://www.mckinsey.com/br/~/media/McKinsey/Featured%20Insights/Employee%20Performance/Burnout%20The%20solving%20the%20stress%20epidemic/Burnout-Solving-the-stress-epidemic -no local de trabalho.ashx
Dados Demográficos e Burnout no Brasil:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. (2018). Relatório de Pesquisa "Perfil da Saúde do Trabalhador". Brasília: Ministério da Saúde. Obtido Em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/perfil_saude_trabalhador.pdf
Soluções especializadas e estudos de caso:
West, CP, Dyrbye, LN, Erwin, PJ e Shanafelt, TD (2016). Intervenções para prevenir e reduzir o burnout entre profissionais de saúde no Brasil: uma revisão sistemática e meta-análise. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, 18(2), 227-238. DOI: 10.5327/Z1679443520160309
Revisão de Negócios de Harvard. (2020). Reduzindo o esgotamento: Lições de empresas brasileiras liderando o caminho. Retirado de: https://hbr.org.br/2020/02/a-pesquisa-como-os-esforcos-de-diversidade-e-inclusao-podem-contribuir-para-o-bem-estar-do-funcionario
Medidas preventivas:
Organização Mundial da Saúde (OMS). (2019). Burnout: Um fenômeno ocupacional. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - 11ª Revisão (CID-11). Obtido em: https://www.who.int/news/item/28-05-2019-burn-out-an-occupational-phenomenon-international-classification-of-diseases
Associação Americana de Psicologia (APA). (2020). Como lidar com o estresse no trabalho: estratégias eficazes para o bem-estar dos trabalhadores no Brasil. Obtido em: https://www.apa.org.br/como-lidar-com-o-estresse-no-trabalho
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